REALIDADE SIMULADA
Lair Uaracy leva sua arte vibrante e expressiva ao Centro Cultural Correios
As figuras expressivas e vibrantes de Lair Uaracy vão encher de cor a Sala Proa, do Centro Cultural Correios, a partir de 3 de novembro. É a exposição Realidade Simulada, que apresenta alguns dos mais recentes trabalhos do artista plástico: retratos feitos em tinta acrílica sobre tela de diferentes formatos e dimensões. Com curadoria de Carlos Bertão e design expográfico de Alê Teixeira, a mostra reúne cerca de 20 obras que têm como principal característica pinceladas espessas e marcantes.
– Conheci o Lair numa exposição coletiva na Úmida Galeria. Sua obra me chamou atenção imediatamente. Meu lado colecionador logo disse: “compra”. E o curador: “expõe”. Fiz ambos. E o resultado é a exposição Realidade Simulada – conta o curador Carlos Bertão, que se impressionou especialmente com a forma franca, sem ser pretensiosa, com que Lair retrata seus personagens.
De fato, as obras do artista revelam figuras densas, ainda que um tanto distorcidas, por vezes andrógenas, mas sempre com cores vibrantes e muita força.
– Qualquer pessoa faz com o celular fotos realistas. Os meus quadros são meio estranhos porque crio retratos de personagens nada realistas. A maioria tem traços de pessoas que fazem parte da minha vida. Mas a partir daí, crio outros personagens, montando quase um Frankenstein (risos). E o engraçado é que muita gente acaba se identificando de alguma forma – diverte-se Lair.
Uma das figuras mais recorrentes, como inspiração para esses personagens, é o pai de Lair, que morreu em 2017 – mesmo ano em que o então advogado resolveu largar a promissora carreira, num grande escritório, para se dedicar exclusivamente às artes, uma paixão que cultivava desde menino.
O primeiro passo foi o de muitos artistas cariocas: a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde foi aluno de João Magalhães e Bob N, que se tornaria seu mentor. Foi Bob quem primeiro indicou Lair para a École Nationale Superieure des Beaux Arts de Paris, uma das mais prestigiadas do mundo. Lá, o artista fez sua primeira residência fora do país, no ateliê de Jean Michel Alberola, apenas dois anos depois de iniciar seu caminho pelo mundo das artes e em sua primeira participação na difícil seleção que inclui talentos de todo o mundo. O intercâmbio parisiense durou seis meses, entre julho de 2019 e janeiro de 2020 – período em que Lair era o único brasileiro por lá -, e levou ainda a uma segunda residência internacional, dessa vez na Galeria Casa70 Lisboa, em Portugal. Outro fruto imediato foi a seleção para criar o rótulo de um vinho comemorativo (e produzido em edição limitadíssima exclusivamente para ser presenteado) da tradicional Quinta do Javali, que completa 300 anos em 2020.
– Essa vivência foi muito importante. Além de todo o aprendizado e das referências de História da Arte, que eu não tinha já que sempre fui muito intuitivo, foi uma experiência que mudou minha cabeça. Foi muito impressionante ver como o artista é respeitado na França, como a visão de cultura é tão diferente da que temos aqui – conta.
A carreira intensa desse jovem artista de 40 anos, que nasceu em Belém mas sempre viveu no Rio, inclui ainda a realização de mostras individuais em galerias e a participação em diversas coletivas como a tradicional Abre Alas da moderninha A Gentil Carioca. Lair foi um dos participantes da mostra de 2019 com cinco de suas obras.
A exposição “Realidade Simulada” é a primeira do artista em um Centro Cultural e fica em cartaz até o dia 24 de janeiro de 2021.
REALIDADE SIMULADA
Quando: de 3 de novembro de 2020 até 24 de janeiro de 2021
Onde: Centro Cultural Correios (Rua Visconde de Itaboraí, 20/ 3º andar – sala B. Centro). Tel.: 2253-1580.
Horário: terça a domingo, das 12h às 19h
Entrada Franca