COM VISTA PRO MAR E PRA MATA…
Uma casa de 500m² com geração de energia, reutilização de água e claraboia nos quartos, entre outros detalhes ecológicos, surpreende pela vista do mar e da mata do Joá.
Fotos: André Nazareth
Segundo a economista Caroline Botto, a beleza que não ofusca é sinal de elegância. Sua casa no Joá, de 500m², apesar de não ofuscar a beleza do lugar nem agredir a natureza, traz deslumbramento por descortinar uma vista de tirar o fôlego. Construída com estrutura metálica, ela tem panos de vidro que deixam entrar a luz e a paisagem e por isso a decoração dispensa quadros. As paredes também são poucas em função do desejo da moradora de ter toda a parte social integrada, deixando apenas os quartos de forma tradicional. A entrada pela rua espanta: a casa não é vista dessa perspectiva e foi projetada de modo a ficar o mais próximo possível da mata e da linha do mar.
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“Tive que esperar quatro anos para que a licença fosse concedida pelo Iphan e pela Secretaria de Urbanismo já que abaixo da cota 100 é área tombada e as alterações foram consideráveis. Junto com o arquiteto André Luque tive o cuidado de respeitar todas as exigências. A casa ficou pronta em cerca de um ano e meio”, explica Caroline, que teve a ajuda da artista plástica Daniela Panajotti, amiga de sua mãe, durante toda a obra, orientando os funcionários e a entrada dos materiais, fundamental para que tudo corresse sem problemas.
Ecologicamente corretíssima, é toda automatizada, tem 29 placas de geração de energia, reutilização de água, claraboia nos quartos, som e iluminação controlados. “Quem constrói tem que pensar um pouco como economista”, diz ela. “Mas a demora até foi boa pois deu tempo de pesquisar os materiais de revestimento que eu queria, a maioria não encontrada no Rio. Fiz questão de que fossem de baixa manutenção, bem resistentes. A madeira de demolição veio de Minas assim como a ardósia preta com a qual forrei todos os boxes dos banheiros – comprei um caminhão inteiro!”. O limestone do piso da casa viajou desde o Ceará, mas os móveis e alguns outros objetos têm DNA indonésio: vieram num contêiner diretamente do outro lado do planeta. A fachada foi revestida de granito juparaná e a cozinha externa de lava vulcânica. Um mix detalhista para que o resultado fosse bem diferenciado.
A residência tem uma área social bastante confortável. O living engloba sala de estar, jantar e cozinha aberta, que ela fez questão de montar já que adora cozinhar e por ter se acostumado com o estilo já que morou em Nova York por dez anos trabalhando numa empresa de investimentos. “A bancada é de inox em chapa única e tenho todos os utilitários modernos que facilitam o trabalho. Os armários são da Roma Mobili e outro de meus grandes desafios foi conseguir que a bancada da pia e o backsplash (painel de trás da bancada) de mármore estatutário, tivessem os veios totalmente alinhados para ficarem com o mesmo desenho”.
Caroline ficou 10 dias na Indonésia, onde encomendou móveis sob medida nas oficinas locais. “Queria que fossem feitos de madeira ecológica, mas diferente dos modelos que vemos no mercado. Cada um tem uma identidade própria. Com formas orgânicas, algumas peças são feitas de tronquinhos, e têm uma pátina que se chama bleached white, parecem ter ficado expostas ao tempo”, conta.
Além dessa cozinha, tem a gourmet, situada na varanda ao lado da piscina onde o marido costuma fazer churrasco para a família e os amigos, já que Caroline não come carne vermelha.
Pensam que é só? Numa das elevações do terreno está montada a cozinha. “Essa cozinha de cima é onde ficam os funcionários e serve de apoio do dia a dia. É também um lugar de convivência com mesas e poltronas no mesmo estilo da casa. “Preferi ter uma cozinha separada porque na minha só eu mexo”, enfatiza. Chamam a atenção também as pias dos banheiros esculpidas em mármore e a banheira feita de resina e “estacionada” de frente ao mar.
A economista e a designer de interiores se completam. Segundo Caroline, por influência de sua mãe, Mariangela Botto, que sempre gostou de obras e trabalha há 35 anos numa agência de turismo, a Sóviagens. “Ela me proporcionou mergulhar em várias culturas e cada vez que voltávamos de uma viagem nossa casa passava por mudanças.”
As plantas agora são sua mais nova mania. Todo o paisagismo foi feito por ela, que está encantada com suas oito oliveiras e os vasos estão por todos os lados. E se ela diz que a cozinha é o coração da casa, a entrada é a mente. É onde ficam duas fontes de concreto e o espelho d’água com carpas trazendo energia para o local. Um pouco da filosofia oriental para mergulhar a casa e a família na tranquilidade. Um pouco da filosofia oriental para mergulhar a casa e a família na tranquilidade.